segunda-feira, 22 de junho de 2015



É tão  fácil nos esconder por detrás de um ecrã de um computador ou  de um outro qualquer aparelho que tenha acesso à internet.
Escondidos aqui  atrás todos somos Don Juans , românticos incondicionais ,reacionários, máquinas sexuais e todo o  tipo de Super heróis, haja imaginação para tal.
A realidade virtual tornou-se tão ou mais real do que aquela que vivemos fora das nossas contas das redes sociais, lá sim somos grandes, descarregamos as nossas frustrações e revoltas, somos melhores que qualquer treinador que comanda  a equipe do nosso clube do coração, muito mais eficientes do que quem comanda os destinos o nosso País. Nas redes sociais não há defeitos, ninguém tem dívidas , ninguém tem problemas, somos perfeitos e a nossa perfeição domina a humanidade e mais qualquer coisita.
A realidade, será que ainda se lembram realidade ?O sentir o calor na cara, o frio na barriga, o palpitar do coração, o cheiro a terra molhada, barulho das cigarras no verão, o barulho a chuva a cair lá fora no Inverno , o eterna essência do perfume do amor da tua vida..
Será que  ainda se lembram de uma troca acidental de olhares ,a sensação de vida que isso nos trás, será que ainda se lembram de que é uma discussão de como se discutia-se na palavra e em último caso com dois berros um encontrão e uma chapada nas ventas.. ´
Os putos a brincar nas ruas, o berro dos velhotes à “chavalada” porque não os deixam dormir a sesta.
O Ardina a anunciar a venda jornal, a harmónica do amolador a anunciar a sua chegado com a sua bicicleta a pedais sempre pronto a afiar as facas lá de casa, a buzina da carrinha do pão que desperta na hora os nossos sentidos para uma carcaça  quentinha com a manteiga a derreter, o cheiro a bolos quentes depois de uma noitada ,o odor a vinho das tascas castiças do nosso bairro, o cheiro domingueiro da sardinha assada que o vizinho ia assar para a rua com o seu pequeno fogareiro..
A gargalhada  amigos sentados à mesa a disputar feijões  num aceso jogo da lerpa depois de uma valente patuscada, o calor da palma da mão da tua avó que já não está contigo a afagar-te a face e lembrar-te que a realidade também é dura, mas é ela que te faz ser humano..
Se não te lembras disto, se estas palavras não te fazem sentido,Então a tua vida não tem sentido, a tua vida não tem vida ,és apenas um número agarrado a uma máquina tipo um doente agarrado a um ventilador do qual necessita para viver..
Virtualmente és feliz, mas quando saires de casa,  voltas a ser aquilo que na realidade és e aquilo que tens de ser e isso não tem CTRL-ALT-DELETE.

1 comentário:

  1. Perfeita descrição da realidade de hoje e da saudade do ontem.
    Da perda profunda do verdadeiro sentido e beleza da vida.
    Muito bom.

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